Levantamento da 99, em parceria com a Multiplicidade Mobilidade, analisa dificuldades de acesso por mobilidade ativa, aplicativos e transporte público a emprego formal, educação e saúde. Relatório da pesquisa, que está em fase de lançamento, foi notícia no portal G1, em reportagem de Deslange Paiva. Outros veículos como o telejornal SP1 e Rádio CBN repercutiram a pesquisa.
O estudo foi feito em 13 capitais brasileiras e 4 cidades de maior relevância econômica do País e revela o quanto o crescimento desordenado e a desigualdade interferem na mobilidade e no acesso das populações periféricas a serviços de educação e saúde e empregos formais.
Para realizar a pesquisa foram usados dados públicos oficiais (como PNAD, IBGE, RAIS), bem como questionários respondidos por usuários da 99 sobre integração entre aplicativos e transporte público nas suas viagens, com o objetivo de medir a acessibilidade da população ao emprego formal, educação e saúde em 30 minutos (a pé, de bicicleta ou de aplicativo com até R$ 10) ou 1 hora de ônibus. O resultado mostra que a população vulnerável, especialmente as pessoas negras, teria de gastar mais tempo em seus trajetos sem a integração com carros de aplicativos.
Segundo o estudo, a população periférica de Natal tem a locomoção para emprego formal e espaços de educação e saúde acessíveis em 30 minutos (a pé, de bicicleta ou aplicativo com até R$10) ou 1 hora (ônibus) em 57,1% dos casos. É mais do que os moradores têm em São Paulo (34,6%), Rio de Janeiro (36,5%), Recife (46,5%) e Curitiba (47%).
O estudo criou o IAC (Índice de Acesso à Cidade) para mostrar o quanto cada município está longe ou perto de proporcionar uma cidade que ofereça oportunidades iguais dentre as existentes em emprego formal, educação e saúde, independentemente de raça e local de moradia.
Aparecem em destaque positivo no IAC novamente Natal, além de Curitiba, como as duas únicas a oferecer mais de 50% de chances iguais em mobilidade para a população acessar oportunidades de emprego formal, saúde e educação. A capital paulista, com 40,9%, é a 5ª mais próxima de um IAC ideal entre as 17 cidades, atrás de Fortaleza (42,3%), Santo André (44,1%), Curitiba e Natal.
“O Índice de Acesso às Cidades recomenda intervenções que fomentem a equidade de oportunidades, alinhadas a Agenda 2030 da ONU que prioriza não deixar ninguém para trás. O investimento público e privado, bem como a oferta de serviços nas periferias, geralmente as áreas mais vulneráveis no Brasil, são fundamentais para alavancar um desenvolvimento social e econômico integrado, justo e resiliente a crises climáticas, financeiras, e sanitárias, como vivido recentemente com a pandemia do COVID”, afirma Diogo Souto Maior, Diretor de Relações Governamentais da 99.
Composição do IAC
O IAC é composto por dois subindicadores. O primeiro é o Índice de Acesso às Oportunidades em Prol da Redução de Desigualdades, que mede quantas oportunidades a população consegue acessar em 30 minutos (a pé, de bicicleta ou por meio de aplicativo) ou 1 hora de ônibus, com um importante e novo diferencial: o estudo dá maior peso para a população de predominância negra, que tende a ser a mais periférica. Isso evita distorções de dados que ocorrem quando se considera as médias nas cidades.
Quando analisado somente o IAOD, a capital paulista tem 34,6% de oportunidades que podem ser acessadas em meia hora (a pé, de bicicleta ou por aplicativo) ou uma hora (ônibus). Natal (57,1%), Curitiba (47%), Recife (46,5%), Belo Horizonte (45,1%), Fortaleza (43,6%), Santo André (43%) e Rio de Janeiro (36,5%) têm desempenho melhor. Apesar da grande densidade populacional paulistana, as oportunidades estão mal distribuídas e há um grande potencial para a integração com aplicativos, que ajuda a melhorar o índice.
Isso mostra que as cidades precisam ser compactas e ter sobreposição de usos para conectar núcleos residenciais a comércio e serviços para favorecer menores deslocamentos com integração e redução de custos de investimento no transporte de massa.
O segundo subindicador é o Índice de Integração com Transporte Público (IATP), que busca medir as viagens integradas do aplicativo com o transporte público e o potencial de usuários dispostos a fazer viagens assim. Passageiros responderam se fizeram ou gostariam de fazer integração aplicativo/ônibus. Se uma cidade tiver 100%, isso indica que todas as viagens foram feitas ou teriam o potencial de ser realizadas com integração entre aplicativos e transporte de massa.
Na análise somente do IATP, apenas 6 das 17 cidades analisadas têm menos da metade do caminho para atingir o ponto ideal de integração entre aplicativo e ônibus. Campo Grande (78%), Curitiba (66,4%) e São Paulo (66,2%) se destacam na integração modal. Belo Horizonte (11,2%), Campinas (12,8%) e Recife (16,2%) estão mais distantes.
“As oportunidades estão distribuídas de forma desigual. O estudo chama nossa atenção para as desigualdades das cidades e como pessoas brancas chegam mais rápido e mais facilmente a serviços de saúde, educação e trabalho formal, reforçando como o CEP de uma pessoa diz muito sobre sua qualidade de vida”, afirma Glaucia Pereira, fundadora e pesquisadora do Instituto de Pesquisa Multiplicidade Mobilidade Urbana.
Para ler a matéria completa no portal G1, clique aqui. Confira a entrevista de Glaucia para a Rádio CBN, clicando aqui. A entrevista da Glaucia para o SP1 e a reportagem completa estão aqui.
Quando será lançado este estudo sobre impacto do crescimento desordenado e a desigualdade na mobilidade?
Olá, Regina. Ainda hoje estará disponível no site da Multiplicidade na área “publicações”. Obrigada pelo interesse.